26 de junho de 2015

Dona Romeira - Uma vida de sofrimento e aprendizado com o Padre Cícero

Maria Francisca da Conceição (Romeira)
          Maria Francisca da Conceição, mas conhecida como Romeira, nasceu no dia 01 de janeiro de 1899 sendo filha de Francisco Luiz e Antônia Maria de Jesus, sua infância foi muito sofrida, como em geral aos que nasceram na mesma época. Seus pais eram muito pobres, não dispunham de sequer uma moradia, viveu assim até por volta dos 10 anos com os  pais, debaixo da árvore do juá, oiticica ou em barraca de palha.
        Por volta de 1910 aos  11 anos de idade foi morar com as tias que só se conhece os seus apelidos "Beleza e Donata" em Juazeiro do Norte buscando por melhores condições, e a partir de então conheceu o Padre  Cícero Romão Batista, indo ajudar com as tias, que eram alfaiates e produziam as vestes daquele sacerdote, na limpeza do quarto e da batina do referido vigário. Com aquele padre aprendeu muitas coisas, também se impressionou algumas vezes com fatos inusitados que presenciava, ela contava que o Pe. Cícero falava profecias: " os lugar é longe e vai ficar perto, as pessoas vão criar asa e voar, a água vai subir pro céu, a gente vai olhar e ninguém vai saber quem é homem ou mulher, vai aparecer uns besouros pretos ferroando as perna do povo, por estas palavras podemos conceber as mais diversas concepções, ainda falava de que costumava fazer perguntas ao "padim" porém só teve uma que não a respondeu: por que seu chapéu segurava na parede, sem ter prego  ou outro suporte para segurar, contava ainda de que o Pe. Cícero comprava ovo, sendo que estes vinham tudo numa vasilha só que ele retirava alguns daqueles ovos e entregava a Dona Romeira e dizia para ela jogar fora, porque ele não comia ovo de galinha peri.

Carteira de trabalho: Maria F. da Conceição
        Em 1913, 14 anos de idade, saiu deste serviço voluntário, para casar com Joaquim Pereira Barros, desde o matrimônio mudaram-se para o sítio Antas então município de Assaré, hoje pertencente a Tarrafas, e deste casório vieram sete filhos os quais: Vicente, Cristina, Maria, Jacinta, Antero, Nicolau e Antônio, dos quais vivos atualmente só temos seu Antônio Pereira Barros com 87 anos, nascido em 1928 e  residente no distrito de Quincuncá, criaram estes filhos com muitas dificuldades, dependiam do bom inverno para uma boa safra, mas quando era ano de  seca,  era necessário pegar mucunã, um tipo de raiz parecido com mandioca e colocar 09 vezes de molho para fazer  a massa do pão ou do angu, alimentavam-se também com mucunzá e só comiam arroz no período da semana santa, era comum nesta época Dona Romeira ir a pé até Iguatu para comprar farinha para fazer pirão, a roupa das crianças era de tear, tudo era muito difícil.

       Infelizmente na década de 1950, sentiu fortes dores no olho e no ouvido, seu filho Antônio  relatou que procurou atendimento na época, mas o médico falou que não tinha mais o que se fazer, desde então foi perdendo sua visão gradativamente até ficar completamente cega, depois que aposentou-se adorava contar todas as histórias, principalmente aos filhos e netos, a quem se interessasse em ouvir os  ensinamentos do "padim Ciço" o sofrimento de sua infância e visitar seu filho Antônio no distrito de Quincuncá, era mulher batalhadora e de uma memória impressionante, pois aos 103 anos contava estas mesmas histórias com facilidade.
Faleceu no dia 24 de junho de 2002 aos 103 anos de idade, vítima de morte natural e foi sepultada no cemitério público da vila Barreiro do Jorge-Farias Brito-CE.

Acompanhe o vídeo onde a senhora Francisca Alexandre Morais Barros expõe seu relato sobre sua nora Maria Francisca da Conceição (In Memoriam).




Entrevistas:

 Antônio Pereira Barros. 87 anos
Francisca Alexandre Morais Barros, 74 anos.   

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