26 de maio de 2015

Biografia de Maria Lindalva Rodrigues - Por Guilherme Pereira

Lindalva na déc. de 1990 - Cedida por Gizeuda Rodrigues. 
   Maria Lindalva Rodrigues, nasceu em 16 de março de 1922 em Quincuncá, sendo a 2ª filha do casal de agricultores, Raimundo Rodrigues da Silva (filho de "Zé Rodrigues" doador do patrimônio a  São José) e Maria Rodrigues da Silva. Tinha como irmãos: Josafá, Antônio, Marcelino, Aluízio, Maria Nilza, Antônia, além de Manoel, Agostinho e José, falecidos ainda crianças.

Lindalva Rodrigues, com cerca de 22 anos 
  Nascida no seio de uma família católica, Lindalva foi batizada pelo Padre Emílio Leite Alváres Cabral, na Capela de São José em sua terra natal, com apenas quatro dias de nascida, no dia 20 de março de 1922, tendo sido seus padrinhos: Celso Duarte Brandão e Damiana Rodrigues da Silva.
   Sua família dispunham de condições de vida um pouco melhores que os demais, porque eram proprietários de terras, mesmo assim, em épocas de estiagem prolongada passavam por dificuldades. Com a morte repentina de seu pai Raimundo Rodrigues, em 13 de julho de 1936, Lindalva na época com 14 anos, assumiu com a mãe com o compromisso de trabalhar na agricultura para prover o sustento de ambos. Décadas mais tarde veio a falecer Dona Maria Rodrigues no dia 11 de junho de 1966, quando os filhos já estavam adultos.
  Segundo depoimentos, já nos anos 1940, Lindalva Rodrigues destacava-se com sua ocupação religiosa na Igreja de São José, construída por seu avô paterno, promovendo vários eventos como as festas do padroeiro em partidos, a coroação da virgem do mês de maio, dentre outras comemorações, com o auxílio de suas irmãs Maria Nilza Rodrigues e Antonia Rodrigues. E quanto na demolição do primitivo templo e construção do atual, concluído em 1962, Lindalva foi uma das "cabeças", no que tange a arrecadação de donativos para a finalizar  a obra, um processo que levou onze anos. 

Coroação de Nossa Senhora. 31. Maio de 1978. - Cedido por Gizeuda
    No período da festa de São José no mês de março, Lindalva era a responsável por conduzir a novena, cantava e desempenhava demais atividades, principalmente de cunho religioso. No dia 16 de março data do seu aniversário ornamentava a capela com flores naturais em agradecimento a Deus e a São José pelas graças recebidas. 
    Foi a encarregada de transmitir as futuras gerações,  as manifestações culturais e especialmente religiosas, como a festa de São José por partidos, quando na ocasião dois grupos eram formados, liderados por chefes (pessoas de prestígio), dividiam-se em dois partidos, equipes chamadas azul e amarelo que disputavam quem arrecadava mais donativo, no término do festejo grande era a euforia quando o vigário anunciava o partido vencedor. Eventos como a coroação de Nossa Senhora realizada no mês de maio, lapinhas e etc, enriqueciam a cultura e a religiosidade local. 
    Era catequista, desde modo instruía jovens a participar do coral, e dar sua parcela de contribuição na realização dos eventos, especialmente na festa do padroeiro. Após mais de 40 anos de voluntario nesta instituição, esgotada de forças para administrar o cargo, em 1988, delegou essa responsabilidade para Inácia Dias, Caetano, Mazé, dentre outros. Contudo, apesar de ter feito isso, continuava a ajudar de forma reclusa em sua casa, ensaiando com as jovens os cânticos das solenidades dos santos, e sempre que a alguém a procurava pra pedir sua opinião  em relação a algo, prontamente atendia.
    Além dos relevantes serviços prestados a  Capela, Lindalva assumiu em 1959 o cargo de oficial do cartório de registro civil, perdurando até março de 1992, foi também professora  juntamente com sua irmã Maria Nilza, era agricultora e trabalhou ainda por muitos anos como funcionária na loja de seu primo, Silva Antero.
   De modo geral, era muito querida,  isto baseia-se por as várias pessoas que por ela tiveram admiração, a escolhendo como madrinha, seja de batismo, consagração e das fogueiras chamando carinhosamente de "Madinha Lindalva".
    Faleceu aos 78 anos, em 11 de novembro de 2000, é tida como uma das personalidades ilustres da terra.

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Entrevistas realizadas: 

Antônia Rodrigues;

Eulália Nali Pereira Souza;

Gracina Maria Feliciana da Conceição;

Pedro Natalício da Silva.

Fotos: Arquivo familiar. 

Outras fontes consultadas: 

Caderno de batismos de 1921-1922, folha 97 - Assaré-CE 

Livro de Tombo II, folha 97 - Farias Brito-Ce