1 de maio de 2021

As festas que não deram certo: A mudança da data dos festejos de São José no Quincuncá - Por Guilherme Pereira

Festa de São José no início dos anos 1970. Percebe-se a quantidade expressiva de fiéis.
(Registro ampliado de monóculos, cedido por Diva Rodrigues)

   Desde a fundação do primeiro orágo dedicado a São José pela família Rodrigues em 1896, a tradicional festa do Padroeiro do Distrito de Quincuncá, município de Farias Brito-CE, sempre foi muito conhecida pela participação expressiva de fiéis. Registros fotográficos do início dos anos 1970, já atestam esse acontecimento.  
    Esta participação não se resumia simplesmente aos habitantes da localidade, pessoas oriundas de vilas e sítios ao entorno, e até de povoados mais distantes frequentavam (e frequentam) as festividades para participar dos atos religiosos, como novenas e Missas, e também sociais, como leilões e quermesses. Eventos muito aguardados pela comunidade, sobretudo nos tempos passados, já que era a única vez no ano que se recebiam tantos visitantes ao mesmo tempo, alterando a rotina do pacato vilarejo. 
   Ao longo desses 125 anos de história muita coisa mudou, à começar pela forma de se festejar, caracterizada por partidos, desde as pessoas que organizavam e frequentavam. Enfim, tudo passou por mudanças sucedidas pela própria lógica temporal. Um fato interessante que as gerações mais novas certamente desconhecem, é que a festa de São José, nem sempre foi realizada no dia 19 de março como nos dias atuais, houve uma época em que ela acontecia no dia 01 de maio, com a celebração de São José Operário, título instituído pelo Papa Pio XII, em 1955, para fazer memória do santo carpinteiro, no dia que as nações celebram o dia do trabalhador. 
    Sobre essa mudança, as narrativas sugerem que ela ocorreu na década de 1960, mas precisamente no paroquiato do Padre Orlando Tavares de Araújo (1960-1967), assim permanecendo sendo realizada por cerca de dois ou três anos consecutivos. A justificativa seria a impossibilidade dos habitantes do outro lado do Rio Cariús (na sede do município), participar das festejos em razão das cheias, já que em março as precipitações costumavam (e costumam) ser maiores do que em maio. Anterior a construção da ponte Manoel Pinheiro de Almeida, concluída em janeiro de 1983, no mandato do prefeito João Matias, atravessar o rio de canoa era uma tarefa comum, mas igualmente muito arriscada. 

Imagem ampliada de monóculos possivelmente do início dos anos 1970. Nela se vê um cortejo fúnebre de uma pessoa não identificada, atravessando o Rio Cariús, estima-se que em um período final da quadra invernosa, já que o rio contava com "água na canela". Ao fundo observa-se a Serra do Quincuncá, além de alguns veículos acompanhando o cortejo, (Registro cedido pelo Padre José Wilton Leite). 

    Mas afinal por que a festa retornou a mesma data dos seus primórdios, no dia 19 de março? Segundo depoimentos, a decisão foi estimulada pela perca brusca da arrecadação. É provável ainda que a transferência da data, não tenha agradado uma parte da população. Desde então, faça chuva ou sol, celebra-se o dia do Padroeiro do Quincuncá no dia 19 de março. 

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ENTREVISTAS REALIZADAS: 
Antônio Jesus de Carvalho (Jesus Militão);
Pedro Natalício da Silva.

WEBSITES CONSULTADOS:

JUSTINO, Antonio. 01 de maio - São José Operário. Instituto Canção Nova. Disponível em: <https://instituto.cancaonova.com/sao-jose-operario/> Acesso em 01 de maio de 2021. 

Um comentário:

  1. Parabéns Guilherme por nós proporcionar esses conhecimentos da nossa terra natal.👏

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