9 de junho de 2015

Biografia de João Antero da Silva "Silva Antero" - Por Guilherme Pereira

João Antero da Silva - Foto Acervo Silva Antero, digitalizado pelo BQ. 

     João Antero da Silva ou simplesmente "Silva Antero", nasceu no dia 13 de abril de 1913, no povoado de Araticum, atual Distrito de Quincuncá, então município de Quixará (Farias Brito-CE), sendo filho do comerciante, Anthero Rodrigues da Silva e da dona de casa, Catarina Senavirgem da Conceição.
      Em 1919, quando contava com apenas seis anos, ficou orfão de pai, juntamente com os irmãos: José "Zuza" e Manoel "Nenéu", episódio que mudou drasticamente a infância de ambos, que logo tiveram que substituir as brincadeiras, pelo trabalho árduo na agricultura, uma vez que já não contavam com o amparo materno, pelo falecimento da mãe biológica em 1916.  
       Vivendo a infância e a adolescência em Quincuncá, Silva Antero e seus irmãos foram criados pela madrasta, Maria Santanna de Oliveira, sob a supervisão atenciosa de suas tias, Cotinha e Santana. 
      Com dinamismo, trabalhando inicialmente na agricultura e na casa de farinha de José Dias da Fonseca e Silva (1883-1955), no Sítio Canto Alegre, e ainda em outros serviços onde era solicitado, foi alfabetizado pelo professor, Gregório Pereira de Souza (1847-1929), logo desenvolvendo suas habilidades comerciais, destacando-se como conceituado comerciante local. 
    Com ponto comercial no centro do distrito, comercializando tecidos e produtos de primeira necessidade, negociando e transportando legumes até as feiras de outras cidades, Silva Antero gradativamente viu seu negócio prósperar, construindo um exponencial patrimônio econômico, também como proprietário de grandes porções de terras, com engenhos na Fazenda Belo Horizonte (Serra do Quincuncá), Flor da América (Riachão - Cariús-CE), além de uma propriedade de 400 hectares no Sítio Saco em Barbalha-CE, onde anualmente eram realizadas as moagens, produzindo grande quantidade de rapadura e outros derivados da cana-de-açúcar. 
   Sob sua iniciativa e da indústria de algodão Cariús, constituiu em junho de 1950, as Indústrias Reunidas Quixaraenses, comércio de algodão e arroz com sede em Quixará (Farias Brito-CE), da qual se fez diretor comercial, contribuindo no desenvolvimento comercial no pacato município, e consequentemente ganhando notoriedade a nível local e regional, fato que certamente contribuiu na sua eleição como prefeito em 1950, pelo PSD, e como vice-prefeito em 1958, com Diocles Almeida Brandão. 
     No final dos anos 1930, casou-se em primeira núpcias, com Maria Hilda de Almeida, que faleceu de parto no dia 19 de julho de 1940. Em março de 1955, constrói uma nova união, agora com Antônia Ferreira de Sousa "Dona Toinha", que após o matrimônio adotou o nome de Antônia Antero de Sousa, da qual provenieram sete filhos: José, Catarina (in memoriam), Antero Neto, Maria de Fátima, João, Selma e Jackson (in memoriam), além de Maria José (1944-2001), sua filha primogênita, Antônia, Salete, Francisco "Neném" (in memoriam), Deusimar (in memoriam), Maria de Lurdes, Francisco e Marlene, frutos de outros relacionamentos, inclusive na fase de sua viuvez. 
    Como chefe do poder executivo de 1951 a 1955, pregava a união e a defesa dos interesses coletivos. Fruto de sua gestão, lutou por melhorias em sua terra natal, melhorando o acesso a Serra do Quincuncá, facilitando a acessibilidade e o escoamento da produção, cujo primeiro transporte a subir foi um caminhão misto de sua propriedade em 1954. Edificou ainda os muros do Cemitério local, intermediando a chegada da farmacêutico, Abelardo de Andrade Arraes e de sua família, que houve por proporcionar mais comodidade aos que necessitavam de tal profissional na comunidade. 
     Devotado as causas de caridade, sempre ajudou aos mais carentes. Em uma época onde o serviço de saúde praticamente inexistia, fazia uso de seu veículo para levar doentes ao Hospital São Francisco de Assis em Crato-CE, encarregando-se inclusive do pagamento do tratamento, caso lhe fosse cobrado. 

Entronização da estátua do Pe. Cícero na Serra do Quincuncá, 1975 - Acervo Pe. Wilton Leite. 
      A ideia de edificar um monumento ao Padre Cícero Romão Batista no alto da Serra do Quincuncá, em julho de 1975, também foi de sua autoria. Essa atitude conforme depoimentos, correspondeu a um gesto de agradecimento ao sacerdote, pela sua participação na vida religiosa de Quincuncá, onde abençoou os terrenos que compreendem a Igreja de São José e o Cemitério que hoje leva o seu nome (Cemitério Pe. Cícero). 
    A sua extensa participação na vida política e comercial encerrou quanto do seu falecimento aos 68 anos, na madrugada de 30 de outubro de 1981, deixando seu nome gravado como uma personalidades mais atuantes na história local. 
       

FONTES:

Fontes escritas:

  • Livro de óbitos nº 13 (1918-1928), p. 16 - Paróquia N. Sra das Dores | Assaré-CE - Acervo do DHDPG, Diocese do Crato - Óbito de Anthero Rodrigues; 
  • Livro de óbitos nº 03 - Paróquia de Quixará (Farias Brito), p, 28, nº 06 - Óbito de Hilda Almeida. 
  • Jornal Tribuna do Ceará. Quincuncá luta por sua emancipação, edição de 28/09/1990 - Acervo pessoal;
  • Livros de tombo I e II - Paróquia N. Sra. da Conceição - Farias Brito-CE;

Fontes orais:

  • Raimunda Timóteo Leite (Dedi);
  • Antônio Fonseca Dias (Tota);
  • Maria Gracildes de Andrade Arraes; 
  • Antônia Antero da Silva (Toinha) - Filha do biografado; 
  • Antero Neto Silva - Sobrinho do biografado; 
  • Teodorica Moreira de Souza (Durica); 
  • Maria de Lourdes Pereira Silva; 

9 comentários:

  1. Eu e o Silva Antero eramos amigos. Certa feita, na década de 70 do século passado, um cliente do banco, um americano diretor do Seminário Batista, me perguntou se eu conhecia algum açude onde ele pudesse fazer uma pescaria.

    Respondi que conhecia, que ele aguardasse que eu ia falar com o proprietário e depois passava o endereço e localidade do açude.

    Encontrei-me com Silva Antero na esquina do Banco de Pedro Felício no centro do Crato. Perguntei se era possível, um meu amigo botar umas redes e galões no açude em sua Fazenda no Quincuncá. Ele me respondeu positivamente com aquele riso que antecedia uma prosa.

    Disse-me, tem e está a sua disposição. Não é mais como já foi, mas ainda se pesca bons peixes. Diga para o pescador que leve umas enxadas pois na ultima pescaria pegaram umas curimatã tão grande que para descamar foi necessário dois cabras com duas enxadas.

    Deu aquela gargalhada tradicional, me deu um abraço e se despediu.

    Nunca deu certo do meu amigo ir a pescaria, mas, Silva Antero sempre que me encontrava cobrava nossa visita.

    Cicero estou postando esta historinha do amigo Silva Antero para que ela não se perca na vala profunda do esquecimento.

    Abraços.

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    1. Agradecemos sua colaboração! Obg por compartilhar essa história conosco

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  2. Que bom ler as histórias dos nossos antepassados, Silva Antero era primo de avô Júlio da Silva

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  3. Eu pesquisei sobre o Sr.Silva sem esperança de achar alguma coisa. Né que achei e fiquei feliz. Pois foi no açude dele que eu nasci. Quando num tempo muito difícil de pai, o Sr. Silva Antero falou pra meu pai fazer uma casinha na beira do açude enquanto passava essa seca de 1958. Ali eu nasci. Numa fartura. Nunca esqueci dessa história que minha família conta. E somos gratos por resto da. Muitos já se foram e eu ainda estou pra contar do meu nascimento.

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    1. Olá? é um prazer tê-lo(a) por aqui! Para que se fique registrado: qual seu nome e o de seus pais?

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  4. Olá pois e pessoal do qimcucar eu Francisco diolino dos santos Filho de Dio nassido na serra da palmeiras propriedade de silvo Antero meu padrinho fiquei até os17 anos morando na fazenda dele em 81 fui para o Rio de janeiro aí por lá fiquei sabendo que ele morreu fiquei muito triste porque era um homem de bom coração que Deus abençoe ele sempre fica aí saudade tidin meu apólice

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  5. guilherme depois pode me informar se tu tem alguma historia sobre os pais de silva antero, e/ou avós deles?

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  6. Meus agradecimentos por enaltecer e lembrar a memória e história do meu pai.Homem íntegro, humano,amigo,caridoso, prestativo, honesto muito trabalhador e que tinha prazer em ajudar o próximo.Guilherme, eu seu filho primogênito, José Antero,agradeço por tornar possível deixar essa biografia para posteridade.

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