João Gregório em 1981. Foto cedida por Antônia de Barros (viúva).
João Gregório de
Souza, nasceu no Sítio Fazenda - Serra do Quincuncá - Farias Brito-CE, no dia
28 de junho de 1917, filho de Gregório Pereira de Souza (um dos primeiros
professores da Serra) e Francisca Balbino das Chagas (Cidona). Teve como irmãos
legítimos: Antônio Gregório (1908), Gregório Pereira (1910), Maria Cristina
(1913), Jesus Pereira (1919), Fideralina (1922) e Benjamim (1928), este último,
fruto de um relacionamento de sua mãe depois que ficou viúva. Como seu pai, Gregório
Pereira, teve outros dois matrimônios em razão da morte das esposas, João
Gregório possuía ainda outros irmãos, entre eles: Mariinha, Raimunda (1871-1952
– Esposa de Pedro Firmino), Ananias (1876-1943 – Pai de Antônio Moreira) e
Isabel (Esposa de Pedro Alexandre). “Pau pra toda obra”.
Essa é a frase que melhor define a trajetória desse senhor nas palavras
daqueles que conviveram com ele. João Gregório era caracterizado como um homem
vividor, que sabia se aproveitar das oportunidades da época, para dispor de uma
condição de vida menos aperreada. Desde muito jovem, trabalhou na
agricultura com a família, mas com o passar dos anos passou a desenvolver
outros ofícios, nunca deixando de lado o serviço no roçado, ofício em que
trabalhou até pouco antes de ficar doente.
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Carteira de sócio/ Sindicato dos trabalhares rurais de Farias Brito-CE.
Déc. 1970. (Cedido pela viúva Antonia). | No final da década de
1930, casou-se em primas núpcias com Júlia Maria da Conceição (natural do Rio
Grande do Norte, chegou em Quincuncá à intermédio do Padre Cícero Romão
Batista), com quem teve um total de onze filhos, dos quais oito sobreviveram:
Francisco (1938-2016), Raimundo (1943), Angelita (1945), Benjamim (1947-1997), Maria de
Lourdes (1948), Antônio (1949-2012), Ricardo (1951) e Rafael (1952).
Com o adoecimento de
sua companheira, Júlia e sua morte precoce aos 41 anos, vítima de câncer, ocorrida
em 31 de dezembro de 1954, a família se viu em grandes dificuldades, fato que
explica de certa forma o motivo pelo qual vários filhos do casal terem sido
adotados por terceiros, isto é, padrinhos de batismo ou amigos da família.
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Casa construída por João Gregório na rua José Alves Costa, nela residia o casal
José Moreira (Bobô), e Raimunda Maria (Mundoca). (Foto: Blog de Quincuncá). | Entre os ofícios que
João Gregório desempenhava, destaca-se a sua atuação na fabricação de tijolos,
atividade a qual se dá o nome de oleiro e consequentemente como pedreiro.
Conforme depoimentos, várias residências da comunidade e sítios circunvizinhos
são obras de sua autoria, à saber: A primeira residência da Rua do Cruzeiro
datada de 1934 e o túmulo da família Dias no Cemitério Padre Cícero –
Quincuncá, edificado em 1955. É válido salientar que essas construções eram
feitas no período de estiagem, já que na quadra invernosa, a atenção estava
voltada exclusivamente para a roça. Por mais de uma
década, João Gregório atuou ainda como comerciante de miçangas, tempo que
remonta à época posterior ao seu 1ª casamento. Nesse período, portando animais
com caçuás, se deslocava frequentemente às feiras de Crato e Juazeiro do
Norte-CE, para abastecer seu estabelecimento com bombons, óleo para cabelo,
ervas medicinais, pequi e outras utilidades para o lar. Nessa oportunidade,
buscava também trazer novidades à população, que pudesse ampliar mais sua
clientela, além de adquirir matéria-prima para a fabricação de chapéus, urupembas
e cordas, que ele e sua 1ª esposa confeccionavam. Costumava também ele comprar bananas
e ovos para revender, com os quais sua companheira junto com Maria Dino
utilizavam no preparo de bolos, para a venda aos domingos após a Missa. Nesta época
seu comércio se localizava onde hoje é o Mercantil de Luiz de Natalício &
Jônica, na Rua Duques Pereira, adiante mudou-se para a casa, hoje de propriedade
de João de Neura na Rua Antero Rodrigues. Através de sua boa memória, João
Gregório atraia a atenção de compradores, com versos recitados ou cantados em
seu estabelecimento, textos que aprendia em suas idas à Juazeiro e Crato, e adaptava-os para fazer propagandas das suas "coisinhas", inclusive
enquanto construía casas, gostava muito de cantarolar. Ficando viúvo
aos 37 anos, casou-se pela 2ª vez na Igreja de São José – Quincuncá, no dia 10
de dezembro de 1955, com Maria Eunice do Amor Divino (filha de Cazuza
Evaristo), com quem teve mais quatro filhos: José, Lino, além de Auxiliadora e (um
outro filho por nome Lino) que morreram ainda crianças. Nessa período, residiu no
Estado de São Paulo e no Paraná, onde trabalhava em fazendas de laranjas e
café. Não vigando o relacionamento, por motivos particulares se separaram. Retornando à
sua terra natal, passou a habitar na Vila Barreiro do Jorge, onde conhece
Antônia de Barros, vulgo Antonieta, constituindo união estável, e da qual
descende mais quatro filhas: Antônia, Dalila, Dalva e Maria Auxiliadora. Nesse período, o
casal residiu também por algum tempo no Sítio Redonda- Assaré-CE e Sítio
Cajuí-CE, mudando-se finalmente para a Rua Raimundo Rodrigues na sede do Distrito
de Quincuncá.
Acometido
pelo câncer, João Gregório passou os últimos meses de sua vida acamado, no entanto,
até o dia de sua morte, às 05:00h da manhã do dia 04 de setembro de 1982, aos
65 anos, manteve-se lúcido. Antes de falecer, pediu a dois amigos mais próximos
que tratassem de fazer seu sepultamento a exemplo do de seus pais, ou seja,
depositando o corpo na cova e cobri-lo com terra. Raimundo Rosa e Vicente Cosmo
foram os escolhidos para a função. Ao falecer, se fez uso do chamado
"caixão das almas" para conduzir seu corpo, de sua casa até o
cemitério Pe. Cícero em Quincuncá, onde foi realizado o sepultamento, de acordo
com sua vontade.
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FONTES:
ENTREVISTAS: Maria de Lourdes Pereira e Silva, 69 anos, aposentada e filha do primeiro matrimônio do casal. Entrevista audiovisual realizada em 19 de fevereiro de 2017, e janeiro de 2018.
DOCUMENTOS: Cartório Moreira 1º Ofício:
Livro - C1, folhas 53/54. - Assento de óbito de Júlia Maria de Conceição;
Livro - C2, folhas 60 - Assento de óbito de Francisca Balbino das Chagas;
Livro- C-6, folhas 89 - Assento de óbito de João Gregório de Souza.
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Que maravilhoso trabalho tem feito este jovem, Francisco,que nos trás ao conhecimento de muitos, inclusive ao meu conhecimento, fatos tão importantes da vida de meu avô. Destarte, de outro modo talvez não conhecesse está tão linda história de vida de um homem valoroso e honesto que é o meu avô. Estes fatos nos enchem de orgulho e alegram o Coração. Sinto não poder ter desfrutado da companhia de meu valoroso avô e de minha avó.
ResponderExcluirObrigado pelo reconhecimento, pra mim é motivo de alegria fazer pesquisas a esse respeito, e especialmente escrever a biografia do nosso avô João Gregório.
Excluirmuito obrigado Guilherme pelo seu trabalho de manter viva a memória de nosso ancestral, um homem lutador, cheio de talentos. que Deus lhe guarde.
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