22 de setembro de 2022

Os becos desativados do Quincuncá - Por Guilherme Pereira

Rua José Rodrigues - Quincuncá, anos 1980. Foto do acervo de Dona Nêm, arquivo doado ao BQ. 

  Ruas estreitas, enviesadas, calçadas em ausência ou em desnível, alheio a saneamento básico, são algumas consequências do crescimento urbano desordenado, que podem ser até hoje notadas nas vilas e cidades brasileiras.

  No Distrito de Quincuncá, município de Farias Brito-CE, essa realidade não é muito diferente. Basta percorrer algumas ruas para se constatar essa problemática. Um exemplo é a rua denominada de Duques Pereira, no centro, que possuí espaço para transitar apenas um veículo, inexistindo praticamente calçada para a locomoção de pedestres. 

   Outro fato decorrente dessa falta de planejamento foi o surgimento de pequenos becos. Poucos sabem, mas além do Beco do Pecado, Quincuncá possuía outros dois, que foram desativados no decorrer dos anos, e consequentemente caíram na vala do esquecimento. E é sobre isso que esse artigo irá abordar, ressaltando a localização e finalidades de ambos. 


1 - O BECO DE NATALÍCIO.

Acesso ao beco - Rua Antero Rodrigues.  

Acesso ao beco - Tv. São Francisco.  Fotos BQ /2022








  

  Viela (ou corredor como era chamado), se estendia da Rua Antero Rodrigues - Rua Principal, nas proximidades de João de Neura à Travessa São Francisco (Rua do Cemitério), em uma extensão de cerca de 120 metros, passando pelos quintais das residências da Rua Duques Pereira, com uma saída ao meio, para a via denominada antigamente de Asa Branca, hoje chamada de Rua São Francisco.

   Conforme levantamento, o espaço tinha quatro utilidades: servia como atalho e depósito de excrementos humanos, dado a inexistência de fossas sépticas à época. Pessoas de outras localidades, que se deslocavam até o distrito para resolver pendências, também se serviam do local para fazer suas necessidades básicas, bem como amarravam seus animais. Fatores que obviamente causavam transtornos aos moradores das casas localizadas abaixo, cujas paredes faziam divisa com a referido corredor. 

Construção na residência de Pedro Natalício, s/ano (Cedido por Dilvany Silva). 

   O beco esteve ativo até o final dos anos 1980, quando o Sr. Pedro Natalício da Silva, em concordância com outros moradores como Noêmia Timóteo, decidiram avançar suas construções, pondo assim um fim ao seu funcionamento. 


2 - O BECO DE JOAQUIM FERREIRA (JOAQUIM FELIPE /QUINCO). 

Rua José Rodrigues - Anos 1980. A seta na foto indica o local exato da entrada do beco. 

   Localizado entre a Casa Paroquial e a residência de Joaquim Ferreira dos Santos (Joaquim Felipe ou Quinco), propriedade que lhe servia de apoio durante as festas de São José, o beco dava acesso a residência, se prolongando até a Travessa  São Francisco (defronte ao Cemitério). No entanto, ao contrário do último, era utilizado apenas pelo dono e seus agregados, como atalho ao transporte de lenha até a cozinha, poupando desta forma, a passagem de animais no centro, e consequentemente a derrubada de sujeiras, provenientes destes e da própria manipulação da madeira. 

   O beco esteve aberto com a edificação da casa no início dos anos 1940, mas precisamente por volta de 1942, segundo informações de Antônio Fonseca Dias "Tota Fonseca". Estima-se que quando o farmacêutico, Abelardo de Andrade e a professora, Carmelita Viana se mudaram para o local em meados dos anos 1950, o mesmo não estava mais em utilização, tendo a área excedente sido provavelmente vendida aos proprietários das casas subsequentes, possibilitando o avanço de suas habitações, restando apenas o corredor como área de ventilação natural do domicílio. Recentemente, a edificação foi adquirida pelo Sr. Antônio Fernandes, e vêm passando por reformas desde então. 

Foto: Blog de Quincuncá / Set.2022. 

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