13 de abril de 2021

O poço que nunca secou: Narrativa sobre aspectos da vida de antigamente - Por Guilherme Pereira

Sunica tirando água do cacimbão
Sunica, ex-cunhada de Dona Marina retira água da cacimba - Imagem cedida por Marina & Nelzim. 
Na primeira postagem após o anúncio da reativação da página, quero rememorar à época anterior a implantação do sistema de abastecimento de água, período no qual as pessoas valiam-se de olhos d' água, açudes e cacimbões para obter a água necessária em suas atividades diárias.
Os cacimbões por sua vez são poços escavados que exploram a água do lençol freático. Tal empreitada além de ser muito arriscada, demandava um alto custo, não possibilitando que todos tivessem acesso, além do mais, não era em todo local que localizava-se uma "veia de água".
Na imagem em anexo, temos o cacimbão construído entre as atuais residências de Seu Nelzim e Seu Wilson, na Rua José Alves Costa em Quincuncá, que no meu entendimento é um dos mais antigos e ainda em utilização na comunidade.
Segundo depoimentos de João Ferreira Lima "João de Neura", filho de Joaquim Joca e Dona Estevam, antigos proprietários do local, o referido poço foi cavado pelo Sr. Chico Pirró (In Memoriam), tendo sido edificado provavelmente em 1958, ano de uma grande seca. Para a construção foi necessário o uso de bananas de dinamite para quebrar as rochas, permitindo o aprofundamento deste.
Na época ainda segundo João de Neura, foram cavados 68 palmos, que equivale aproximadamente a 15 metros, tendo o próprio também ajudado no assentamento dos tijolos.
Em setembro de 1987, quando o Sr. Manoel Alves de Souza "Nelzim" adquiriu parte da propriedade que compreende o cacimbão, foram cavados ainda vários palmos de profundidade, concluindo que esse líquido precioso está cada vez mais escasso.
Desde a época de sua construção até meados de 2007 (ano da implantação do sistema de abastecimento d' água), o cacimbão não só serviu aos seus proprietários, mas também a todos os moradores das redondezas, que fazendo uso de um carretel e de um balde, diariamente extraiam a água do fundo do poço, sobretudo para beber, por ser de boa qualidade.
É inegável que todo esse trabalho era muito sacrificoso, todavia fazia com que as pessoas valorizasse cada gota, evitando o seu desperdício.

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