4 de dezembro de 2022

Pequeno em estatura, grande em coragem: Biografia de Antônio Pereira da Silva "Toinho de Telina". - Por Guilherme Pereira

Toinho de Telina em foto capturada pelo Blog de Quincuncá em 2015, quando contava com 101 anos.

A música "Caboclo Nordestino", com letra de Zé Marcolino, gravada em 1963, no LP "Pisa no Pilão" de Luiz Gonzaga, retrata de modo sublime a trajetória de "Toinho de Telina" um "caboclo humilde e roceiro", que assim é descrito em uma das estrofes da canção: 

"E do caboclo que vive

Com a enxada na mão

Trabalhando o dia inteiro

Com a maior diversão

Sem invejar a ninguém

Satisfeito a trabalhar"

Cada vez mais animado

Esse teu suor pingado

Grandeza e honra te dar"

Antônio Pereira da Silva, nasceu no dia 12 de junho de 1914, no Distrito de Cariutaba, município de Farias Brito-CE, sendo filho de Maria Ceria do Amor Divino e paternidade desconhecida. Eram seus irmãos uterinos, ou seja, apenas por parte de mãe: Ginu, Francisca (Chiquinha), Aristídes e Joaquim (Tuzinho).

Dona Telina, em registro cedido por sua filha, Maria.

Ficando órfão de mãe na infância, teve que desde muito cedo trabalhar na agricultura, não dispondo de oportunidade alguma para estudar, motivo que era de tristeza para o mesmo. Cuidado pelos seus meios-irmãos, veio habitar no Distrito de Quincuncá ainda jovem, quando em 1928, com apenas catorze anos de idade, juntou-se a um grupo de retirantes, rumando para Palmeira dos Índios, no Estado de Alagoas, cidade em que mais tarde conheceu a sua companheira, Otelina Maria da Conceição "Dona Telina", constituindo uma família de onze filhos, dos quais nove sobreviveram: Maria, Marieta, Antônia (Sitonha), José, Wilson, Bezinha, Helena, Agda, e Amilton. 

Em 1939 regressando ao Quincuncá, habitou inicialmente em uma casa de pau-a-pique (taipa), que ficava nas proximidades da Rua Padre Cícero. No início dos anos 1940, adquirindo parte da propriedade de sua meia-irmã, Francisca, em 1947, o Sr. João Gregório de Souza iniciou a construção da residência como se conhece nos dias atuais, sendo a primeira em alvenaria naquelas imediações.  

Toinho de Telina, em foto cedida por sua filha, Marieta. 

Ao fixar moradia nessa terra, tendo aqui vivido por quase oito décadas, ganhou a confiança e o respeito da comunidade. Sempre trabalhando na agricultura, ele sustentou a família através desse ofício árduo, e mesmo após aposentar-se, se ocupava diariamente das tarefas do roçado, não dispensando de plantar e cultivar leguminosas durante a quadra invernosa. 

Temente a Deus, participava das celebrações e eventos religiosos da Igreja de São José, tendo colaborado inclusive no processo de sua edificação, erguida em regime de mutirão entre os anos de 1951 a 1962. 

Em 12 de junho de 2014, foi comemorado o seu centenário de nascimento, com a presença de centenas de amigos e familiares que à época somavam: 52 netos, 52 bisnetos e 04 trinetos. Como parte da programação, uma Missa em ação de graças foi celebrada pelo Padre Adalmiran Vasconcelos, na Igreja de São José, e em seguida houve uma recepção na residência do aniversariante para o corte do bolo e homenagens. 

Faleceu em 04 de dezembro de 2015, aos 101 anos, 05 meses e 22 dias, sendo sepultado no dia seguinte no Cemitério Pe. Cícero em Quincuncá, deixando seu nome gravado com uma das personalidades que tiveram a dádiva de viver lúcido, independente e gozando de boa saúde mesmo no auge de tal idade. 

_________________

Fontes:

Orais:

Antônio Pereira da Silva (1914-2015);

Maria Pereira da Silva, (filha). 


Websites consultados: 

Letras. Caboclo Nordestino. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/1560744/> Acesso em 09 de junho de 2022. 

Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Zé Marcolino. Disponível em: <https://dicionariompb.com.br/artista/ze-marcolino/> Acesso em 09 de junho de 2022. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário