Toinho de Telina em foto capturada pelo Blog de Quincuncá em 2015, quando contava com 101 anos. |
A música "Caboclo Nordestino", com letra de Zé Marcolino, gravada em 1963, no LP "Pisa no Pilão" de Luiz Gonzaga, retrata de modo sublime a trajetória de "Toinho de Telina" um "caboclo humilde e roceiro", que assim é descrito em uma das estrofes da canção:
"E do caboclo que vive
Com a enxada na mão
Trabalhando o dia inteiro
Com a maior diversão
Sem invejar a ninguém
Satisfeito a trabalhar"
Cada vez mais animado
Esse teu suor pingado
Grandeza e honra te dar"
Antônio Pereira da Silva, nasceu no dia 12 de junho de 1914, no Distrito de Cariutaba, município de Farias Brito-CE, sendo filho de Maria Ceria do Amor Divino e paternidade desconhecida. Eram seus irmãos uterinos, ou seja, apenas por parte de mãe: Ginu, Francisca (Chiquinha), Aristídes e Joaquim (Tuzinho).
Dona Telina, em registro cedido por sua filha, Maria. |
Ficando órfão de mãe na infância, teve que desde muito cedo trabalhar na agricultura, não dispondo de oportunidade alguma para estudar, motivo que era de tristeza para o mesmo. Cuidado pelos seus meios-irmãos, veio habitar no Distrito de Quincuncá ainda jovem, quando em 1928, com apenas catorze anos de idade, juntou-se a um grupo de retirantes, rumando para Palmeira dos Índios, no Estado de Alagoas, cidade em que mais tarde conheceu a sua companheira, Otelina Maria da Conceição "Dona Telina", constituindo uma família de onze filhos, dos quais nove sobreviveram: Maria, Marieta, Antônia (Sitonha), José, Wilson, Bezinha, Helena, Agda, e Amilton.
Em 1939 regressando ao Quincuncá, habitou inicialmente em uma casa de pau-a-pique (taipa), que ficava nas proximidades da Rua Padre Cícero. No início dos anos 1940, adquirindo parte da propriedade de sua meia-irmã, Francisca, em 1947, o Sr. João Gregório de Souza iniciou a construção da residência como se conhece nos dias atuais, sendo a primeira em alvenaria naquelas imediações.
Toinho de Telina, em foto cedida por sua filha, Marieta. |
Ao fixar moradia nessa terra, tendo aqui vivido por quase oito décadas, ganhou a confiança e o respeito da comunidade. Sempre trabalhando na agricultura, ele sustentou a família através desse ofício árduo, e mesmo após aposentar-se, se ocupava diariamente das tarefas do roçado, não dispensando de plantar e cultivar leguminosas durante a quadra invernosa.
Temente a Deus, participava das celebrações e eventos religiosos da Igreja de São José, tendo colaborado inclusive no processo de sua edificação, erguida em regime de mutirão entre os anos de 1951 a 1962.
Em 12 de junho de 2014, foi comemorado o seu centenário de nascimento, com a presença de centenas de amigos e familiares que à época somavam: 52 netos, 52 bisnetos e 04 trinetos. Como parte da programação, uma Missa em ação de graças foi celebrada pelo Padre Adalmiran Vasconcelos, na Igreja de São José, e em seguida houve uma recepção na residência do aniversariante para o corte do bolo e homenagens.
Faleceu em 04 de dezembro de 2015, aos 101 anos, 05 meses e 22 dias, sendo sepultado no dia seguinte no Cemitério Pe. Cícero em Quincuncá, deixando seu nome gravado com uma das personalidades que tiveram a dádiva de viver lúcido, independente e gozando de boa saúde mesmo no auge de tal idade.
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Fontes:
Orais:
Antônio Pereira da Silva (1914-2015);
Maria Pereira da Silva, (filha).
Websites consultados:
Letras. Caboclo Nordestino. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/1560744/> Acesso em 09 de junho de 2022.
Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Zé Marcolino. Disponível em: <https://dicionariompb.com.br/artista/ze-marcolino/> Acesso em 09 de junho de 2022.
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